Os investidores que apresentaram na segunda-feira proposta de construção de estádio ao Corinthians planejam, para realizar a obra, a compra de dois terrenos na Avenida Educador Paulo Freire, antiga Aricanduva, na divisa entre São Paulo e Guarulhos (são separados por um riacho que faz a divisão das cidades). Um deles hoje serve como pátio para a SPTrans (Secretaria de Transportes da Prefeitura de São Paulo), do lado paulistano, e o outro pertence à empresa de planos de saúde Intermédica, já em Guarulhos.
O segundo só não está abandonado porque o proprietário contratou uma firma de segurança, a CR5, para evitar invasões. Do outro lado da avenida já existem diversos barracos formando o que pode ser o início de uma favela.
O iG visitou o local nesta quinta-feira. Pôde entrar somente no de Guarulhos, que estava aberto. A informação de que ali poderia existir um estádio surpreendeu pessoas que trabalham na região, duas delas que fazem segurança no terreno que a reportagem fotografou. Os abordados apontaram o transporte público como principal problema caso o projeto realmente saia do papel.
"A maioria do pessoal que trabalha aqui vem de Guarulhos. De São Paulo são poucas opções de ônibus e é mais caro depois da divisa porque já é intermunicipal", disse Carlos dos Santos, que trabalha em um posto de gasolina ao lado do terreno de Guarulhos. O valor pago é R$ 4,25, contra R$ 2,70 para deslocamentos dentro da Capital. "Vai ser mais fácil vir de Guarulhos do que São Paulo realmente", ratificou um dos seguranças da CR5, que pediu para não ter o nome publicado.
O conselheiro corintiano Edgar Soares, que foi quem apresentou ao Corinthians a proposta encabeçada pelo banco Banif e pela construtora Hochtief, contesta a dificuldade de se chegar ao local por transporte público. Ele citou informações que estavam em vídeo exibido aos conselheiros corintianos na segunda-feira à noite, quando ficou decidido que o projeto será avaliado pelo Conselho Deliberativo até 10 de agosto, prazo dado pelas empresas para o clube aceitar ou não a oferta. Além das parceiras já citadas, fazem parte do projeto o Bradesco, a construtora EIT e a consultoria PricewaterhouseCoopers.
"São 11 linhas de ônibus que atendem o local, seis de São Paulo e cinco de Guarulhos. Tem integração com três estações de metrô, Vila Matilde, Carrão e Penha, que o sujeito paga só uma passagem. E ainda tem uma estação de trem, a Engenheiro Goulart", disse Soares.
No projeto apresentado aos conselheiros, os investidores planejam a construção de uma passarela que ligue a estação Engenheiro Goulart ao outro lado do rio Tietê, o mesmo em que estaria o estádio. O problema é que o torcedor teria que andar quase um quilômetro e precisaria de aprovação da Prefeitura para ser realizada.
A compra
O terreno em que hoje está a SPTrans é alugado por R$ 70 mil reais por mês e tem área de 44 mil m². O contrato da Prefeitura com o proprietário vence no meio do ano e ele topa vender o local ao Banif. Caso haja a renovação com a Prefeitura, o dono colocará uma cláusula no qual ele poderia rescindir a qualquer momento em caso de venda ao banco, que pretende fazer ali o estacionamento para três mil carros.
Porque o estádio mesmo será construído no terreno do lado de Guarulhos, de 56 mil m². Hoje ele é apenas um descampado, com grama mal aparada, que conta com uma torre de observação, feita ali para evitar invasões. Segundo funcionário que cuida da segurança já faz alguns anos que a Intermédica o quer vender.
"E o dono da Intermédica (Paulo Barbanti) tem outro terreno, do outro lado da avenida, que também topa vender e ali poderíamos ampliar o estacionamento", disse Soares. A reportagem tentou contato com a empresa de plano de saúde, sem sucesso.
O projetoO Banif colocaria inicialmente R$ 200 milhões para o início das obras. O dinheiro seria arrecadado com investidores que têm dinheiro aplicado no banco. O Bradesco faria o financiamento da compre dos terrenos (algo em torno de R$ 36 milhões) e da venda das cadeiras cativas, camarotes, loja e ficaria com o nome da Arena, o chamado "Naming Rights", por dez anos. Pagaria por isso aproximadamente R$ 80 milhões.
O lucro dos investidores viria com a venda das cativas e cadeiras (eles receberiam ao menos 20% do que investiram, valor que poderia chegar a R$ 155 milhões). O Corinthians teria a receita de ingressos, das lojas, dos camarotes e estacionamento. Veja mais detalhes do projeto aqui.
A diretoria está rachada. Informalmente, o presidente Andrés Sanchez se diz favorável, mas o seu diretor de marketing, Luiz Paulo Rosenberg, é contra.Na segunda-feira, durante a apresentação, ele e Edgar Soares bateram boca.



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