Final de tarde de Domingo, um público de mais de 98 mil pessoas se espremem no Rose Bowl, estádio construído em Pasadena, California.
Dentro de campo, a disputa pelo título máximo da National Football League, o Super Bowl XXVII tinha como protagonistas o campeão da AFC, Buffalo Bills, enfrentando o campeão da NFC, o Dallas Cowboys, em um jogo em que os Cowboys eram franco favoritos ao título.
A partida apresentava um placar de 28 a 10 para os Cowboys ao final do primeiro tempo, quando a estrela maior deste dia 31 de Janeiro de 1993 apareceu no Rose Bowl.
Michael Joseph Jackson, então com 34 anos, foi o artista contratado para o halftime show deste Super Bowl, e sua performance histórica mudaria para sempre o formato da decisão do futebol americano nos Estados Unidos.
O show do intervalo geralmente reserva 12 minutos ao artista para este apresentar seu repertório, o que causa certa preocupação nos músicos, que consideram o tempo curto demais para tocar todas as canções que desejam. Jackson foi literalmente "lançado" ao palco e ficou mais de um minuto imóvel, apenas sendo aplaudido. Foi a primeira e única vez na história do Super Bowl em que a audiência aumentou durante o show do intervalo.
"A partida é transmitida a mais de 100 países e atrai mais de 100 milhões de telespectadores apenas nos EUA. Ele sabia da importância do show, da magnitude do evento, e fez questão de frisar que sua apresentação o levaria a lugares onde jamais poderia estar em turnê", lembra Arlen Kantarian, que na época era presidente da Radio City Music Hall, empresa responsável pela produção do show em parceria com a NFL.
Nem tudo porém foram flores, como conta Jim Steeg, hoje diretor do San Diego Chargers e que na época era diretor de eventos especiais da NFL. "Michael e seu empresário pediram um cachê de US$ 1 milhão de dólares, mas a NFL tem como política pagar apenas as despesas dos artistas envolvidos", lembra Steeg. Após muitas negociações e insistência em ter o artista por parte da liga, uma doação de US$ 100 mil foi efetuada pela NFL à fundação "Heal the World", criada por Michael Jackson para combater a pobreza, fome e exploração sexual infantil ao redor do planeta.
As discussões ainda envolveram o repertório de Jackson, que insistia em tocar suas novas músicas com cunho mais "social", enquanto a NBC pressionava pelos maiores sucessos do músico. Um medley envolvendo "Jam", "Billie Jean" e "Black or White", e o encerramento do show envolvendo Jackson e um coro de 3500 crianças cantando "Heal the World" agradaram a ambas as partes.
A Sports Illlustrated considera o show de Jackson o terceiro maior em toda a história da NFL, perdendo apenas para o show de Prince em 2007 e o patriótico show do U2 após o 11 de Setembro. Michael Jackson, aliás, inaugurou uma nova era no show do intervalo do Super Bowl, que começou a apresentar grandes artistas no lugar de bandas marciais e personagens Disney. Desde que Jackson se apresentou, nenhuma emissora deixou de apresentar o show do intervalo na íntegra.
Ah, é verdade, o Super Bowl XXVII terminou com a vitória dos Cowboys sobre os Bills por 52 a 17, na época um recorde de 69 pontos em uma partida. Mas o campeão do dia precisou de apenas 12 minutos para entrar para a história da TV e da NFL, apenas 12 minutos para consagrar em todas as esferas da mídia o apelido de "Rei do Pop".
UPDATE: O vídeo do show do intervalo do Super Bowl XXVII, em 1993. Enjoy it!
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