segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Entrevista com o tight end do Crocodiles Gerard Kaghtazian Jr




Brasil Bowl I


Barigui Crocodiles - Entrevista com Gerard Kaghtazian Junior


Por Ana "Kika" Cristina


Noite de 06 de dezembro de 2009, final do Torneio Paranaense..um homem chorava muito, abraçado ao amigo Davi e a um capacete com a inscrição “GK”


Choro de alegria? choro de vitória? Muito mais que isso..choro de saudades! Choro de dever cumprido!


“I faced it all and I stood tall..and did it my way!”


“Eu encarei tudo e continuei de pé..eu fiz do meu jeito!”


Talvez fosse esse o trecho da música preferida do pai, My way, que ele lembrou naquele momento..mas o sentimento de gratidão, de realização só poderia ser maior se o pai estivesse ali.


A inscrição no capacete “GK” é uma homenagem ao pai Gerard Kaghtazian falecido em Janeiro de 2009. O pai que nasceu em Alexandria, Egito e que veio para o Brasil devido a Guerra junto com os avós com apenas 13 anos, deixando para trás seus amigos, sua família, seu berço para viver em uma terra completamente diferente. Com garra e determinação conseguiu superar desafios, começou a vida como um “Zé ninguém” e chegou ao posto de diretor de uma multinacional em 32 anos de disciplina em uma única empresa para dar aos filhos Gerard Júnior e Carolina estudo e direção na vida!


Desse pai determinado, Gerard só lamenta tê-lo perdido para o vício do cigarro, mas como diz a música “..I did it my way!” (Eu fiz do meu jeito!), o velho Gerard fez e viveu do seu jeito.


Do pai e da mãe Leda, brasileira, herdou a lealdade, honestidade e aprendeu que deveria se dedicar e trabalhar duro para atingir seus objetivos, da avó Therese, egípcia, lembra com saudade das canções de ninar em francês: “Frère Jacques, Frère Jacques..Dormez-vous? Dormez-vous? Sonnez les matines, sonnez les matines..ding, dang, dong..”


Aaaah mas quem pensa que esse neto e filho de egípcio com brasileira é feito só de emoção e choro, engana-se!


Ele é ariano..e todo ariano é audacioso, autoconfiante, combativo, impulsivo, gostam de desafios e procuram seu próprio caminho!


Quando moleque e ainda morava no Alto da Boa Vista, Zona Sul de São Paulo costumava jogar futebol e vôlei com os amigos na rua, depois passou a praticar tênis tendo participado de torneios e competições internacionais..mas como bom ariano, não admite perder, competitivo ao extremo.


Com ele ou é oito ou oitenta! Quente ou frio..nunca morno!


Prá não ficar no meio termo, desistiu da carreira de tenista prá se dedicar a faculdade de Direito.


Conheceu o Futebol Americano assistindo o Super Bowl na TV Bandeirantes e seus primeiros grandes ídolos foram Jerry Rice e Rich Gannon, que levaram seu time do coração, Oakland Raiders, ao Super Bowl de 2002.


Assim como o pai que deixou o Egito, ele também deixou São Paulo em 2006 e mudou-se para Curitiba, deixando para trás a família, amigos para fazer a sua vida do seu jeito.


E em Curitiba fez seus melhores amigos através do Futebol Americano.


Começou no Curitiba Hurricanes, onde jogou por um ano e meio como LB sem pads. Em razão de uma incompatibilidade de idéias com o presidente do Hurricanes, optou juntamente com outros 16 jogadores da equipe em fundar o Curitiba Centurions.


Treinávamos no Parque Barigui ao lado do Crocodiles, onde eu tinha alguns amigos.


No final de 2008, alguns dos jogadores mais importantes do Centurions tiveram que ir embora de Curitiba por motivos profissionais. Com a morte do meu pai no início de 2009 e tendo que resolver muitas coisas em São Paulo, acabei ficando preocupado com o futuro dos demais jogadores do time . Nunca faltei em um treino e esse senso de responsabilidade para com os demais jogadores fez com que eu aceitasse o convite do meu grande amigo Nilo e fundisse o Centurions ao Barigui Crocodiles. O Crocodiles já possuía grandes jogadores e uma boa estrutura, e com a chegada dos atletas do Centurions ficou com um elenco muito forte. Acho que essa foi a melhor decisão que poderíamos ter tomado para as duas equipes


Em pouquíssimo tempo essa parceria já rendeu frutos.


Fomos vice-campeões do Pantanal Bowl no primeiro Torneio que jogamos juntos, onde conseguimos uma vitória sobre o campeão Cuiabá Arsenal. Em seguida veio a primeira vitória sobre o nosso maior rival, Curitiba Brown Spiders, e o título da Divisão Sul do TT09, que garantiu a vaga nas semifinais do torneio em SP. E terminamos o ano com chave de ouro, com o título do Paranaense.


Jogadores do antigo Centurions que fazem parte do Barigui Crocodiles: Toddy, Gutz, Ericson, Luvas, Gaúcho, Schultz, Davi, Pedro, Madonão, Luis, Benevenuto, Carioca, Rick Pontaroli e eu. Tem também o Felipe Telles e o Coréia que hoje jogam pelo Brown Spiders.


Estou muito feliz com a parceria que fizemos, fiz novos amigos no time e tenho a honra de em menos de um ano, ter sido escolhido por eles para ser o presidente do atual bi campeão paranaense de Futebol Americano.


Sim, em 2010 conquistamos o título de Bi Campeão Paranaense, com a Federação cada vez mais forte, muitos jogadores do Croco fazendo parte da Seleção Paranaense que foi Vice Campeã do Torneio de Seleções 2010.


Emendamos o Torneio Paranaense, Torneio de Seleções e LBFA..muito sacrifício para chegar até aqui, falta de incentivo, falta de campo, conciliar trabalho com os jogos e vida pessoal. Sei que, assim como eu, todo time sofreu muito prá chegar até aqui. Muitos abdicaram de finais de semana com a família para treinar, jogar, viajar..mas teríamos feito tudo exatamente igual prá estar disputando essa final!


A vida é movida de desafios..e os jogadores do Barigui Crocodiles que amam o Futebol Americano encararam esse desde o início, desde o primeiro jogo, desde o primeiro instante dentro de campo, apesar de todas as adversidades, lutaram e lutamos muito para chegar até aqui!


Há uma expressão no Egito que diz assim: “Bukra, intchaalá!” e significa “Amanhã, se Deus quiser!”


Então..se Deus quiser, o Barigui Crocodiles estará em Embu das Artes brigando muito por mais esse título.. por nós, por nossas famílias, nossos amigos e nosso estado!







Recadinho:


Para Julia Rico Sentoamore, namorada que o acompanha em tudo, até em viagens para a longínqua Cuiabá para participar do Pantanal Bowl:


“Eu amo você e tudo o que eu faço nessa vida fica mais fácil porque eu sei que você está sempre do meu lado!”

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